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Entrevista: Dono dos inhouses de LoL, Pit é o único brasileiro dentro da EU Masters

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Entre 2011 e 2012, no começo de sua pré-adolescência, o brasilo-estadunidense Felipe “Pit” Alves iniciou sua experiência com o League of Legends, o famoso MOBA da Riot Games. Antes apenas como jogador, Pit não imaginava que suas horas com o videogame o levariam a trilhar uma carreira profissional – e internacional – voltada para o jogo. 

Tendo nascido em Tulsa, nordeste de Oklahoma, nos Estados Unidos, o jovem de 20 anos hoje reside em Salvador, na Bahia. A carreira profissional de Pit teve início com a equipe portuguesa EFIVE Esports, a qual auxiliou a conquistar a vaga na Liga Portuguesa de League of Legends (LPLOL) em 2020. 

Completamente de forma remota, Pit conta que sua caminhada no cenário profissional teve início rapidamente. Em entrevista, ele explicou que conheceu Cristóvão “Tsubasa Jr” Rego virtualmente, contato que foi possível pelo fato de que Pit sempre acompanhou a maioria das ligas de LoL ao redor do mundo. 

Após apenas uma semana de contato com Tsubasa, Pit conta que o então técnico da E5 revelou que precisava de alguém com o seu estilo de trabalho e rapidamente o contratou. “Para mim, tudo aconteceu bem rápido e foi bastante inesperado; eu sempre acompanhei todas as ligas e sou bastante próximo do cenário competitivo, mas a transição de espectador para profissional mudou a visão que eu tinha do LoL como hobbie”, disse Pit. 

O analista terminou o ano de 2020 com a E5, mas a virada de ano o cumprimentou com um novo desafio: atuar como scout analyst da equipe italiana Goskilla, que entrou em 2021 com um elenco inteiramente reformulado. Dessa vez, Pit divide a equipe de analistas com Matteo “Pata” Dotti, mas foca em estudar o estilo de jogo inimigo.

“A diferença entre scout analyst e analista é que, agora, eu procuro entender os padrões de nossos rivais, o que eles costumam fazer no level 1, por onde começam a selva, se dão invade, como setam objetivo e outras coisas”.

Mesmo com apenas três meses de trabalho, a nova Goskilla já vem mostrando um bom desempenho. Junto de Pit, eles venceram a Baltic Masters Spring 2021 e foram a primeira equipe a se classificar para  EU Masters, sendo um dos 2 representantes dos Países Bálticos no torneio.

Pit, no entanto, acredita que ainda há muito trabalho a ser feito para aprimorar a sinergia da equipe. “Mesmo com esses bons resultados, não acredito que nossa sinergia está perfeita, e só o tempo pode melhorar isso. Estamos fazendo, diariamente, scrims de 3 ou 5 jogos contra times de toda a Europa, e os treinos costumam durar o dia inteiro”.

Sobre as diferenças de meta e comportamentos entre os cenários brasileiro e europeu, Pit confirmou o esperado: o que mais diferencia é a disciplina. “Mesmo a segunda divisão e o cenário amador possuem uma disciplina e rigidez que não vemos, por exemplo, nos elos altos das filas ranqueadas do Brasil”. Por ser um dos administradores – ao lado de Pedro Fracassi e Ana Maria – dos inhouses brasileiros amadores e profissionais, o analista convive diariamente com as diferentes culturas de forma bastante próxima.

“Como existem bem mais jogadores interessados no competitivo nos servidores da Europa, a competitividade acaba sendo maior. Os elos mais altos tendem a ser levados mais a sério e os jogadores se esforçam mais para se manterem no topo – é um ambiente bem mais organizado e existe menos a mentalidade de “vamos jogar no dedo”.

No entanto, ele diz que não é possível estabelecer um estilo único de jogo para a solo queue europeia. “Assim como no Brasil, cada jogo ou treino pode ser único porque as equipes estão sempre testando coisas novas. Aqui, por exemplo, temos o ShaQuinn e o Guigo, da RED Canids, apresentando novos bonecos – são situações como essa que aproximam o nosso país de tentar criar o seu próprio meta”, disse Pit.

Para os brasileiros que procuram seguir alguma carreira de comissão técnica no League of Legends, Pit aconselha a tentarem iniciar seu caminho onde se sentem confortáveis. Sua decisão de ir para a Europa, segundo ele, foi motivada pela vontade de entender o competitivo por outros olhos: “Existem times aqui que são totalmente acessíveis e pode ser uma região mais aberta do que o cenário brasileiro, mas tudo depende de quais são seus objetivos pessoais”, acrescentou o analista.

Com apenas 20 anos de idade e uma carreira ainda em seus passos iniciais, a trajetória de Pit ainda está sendo construída – mas é importante abrir os olhos para esta nova geração, que busca cada vez mais profissionalização e conhecimento, dentro dos cenários brasileiro e internacionais de League of Legends.

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