Conforme publicado pelo Convergência Digital na última quarta-feira (26), o Governo Federal brasileiro está avançando em uma iniciativa ambiciosa para desenvolver um Modelo de Linguagem de Grande Escala (LLM, na sigla em inglês) próprio, com o objetivo de posicionar o país como protagonista no cenário global de inteligência artificial (IA).
A estratégia ambiciosa visa criar uma IA que compreenda e produza conteúdo em português, refletindo as nuances culturais e as necessidades específicas do Brasil.
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Plano base já existe

O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), lançado há sete meses pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), serve como base para essa iniciativa.
O PBIA destaca a importância de uma infraestrutura nacional de dados robusta, essencial para o treinamento eficaz do LLM brasileiro. Nesse contexto, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) está desempenhando um papel crucial ao desenvolver um vasto repositório de dados governamentais, conhecido como “lago de dados”, que fornecerá as informações necessárias para alimentar o modelo de IA.
IA precisa mais do que falar português
Alexandre Amorim, presidente do Serpro, enfatiza a relevância da soberania de dados e da criação de uma infraestrutura nacional que permita o uso seguro e eficiente das informações públicas.
Ele destaca que não se trata apenas de ensinar a IA a “falar português”, mas de garantir que o modelo seja treinado com conteúdos que reflitam a cultura e o contexto brasileiro, respeitando as particularidades locais.
O impacto do DeepSeek
A inspiração para o projeto brasileiro vem de iniciativas internacionais bem-sucedidas, como o DeepSeek, plataforma chinesa de IA que demonstrou ser possível alcançar resultados de alto nível com recursos computacionais mais modestos.
A ministra Luciana Santos, do MCTI, ressalta que o sucesso do DeepSeek reforça a viabilidade do plano brasileiro, mostrando que é possível obter resultados equivalentes aos de modelos internacionais com menos recursos.
Além do desenvolvimento do LLM, o governo está trabalhando na criação de um marco legal para o setor de data centers no país. A regulamentação busca estabelecer diretrizes claras para o armazenamento e processamento de dados, garantindo a segurança e a eficiência necessárias para o funcionamento adequado das soluções de IA.
Por fim, a implementação de um modelo de linguagem próprio traz diversos benefícios, incluindo a redução da dependência de tecnologias estrangeiras, a promoção da inovação local e a garantia de que as soluções de IA estejam alinhadas com os valores e as necessidades da sociedade brasileira.
No entanto, desafios permanecem, como a necessidade de investimentos substanciais em infraestrutura, a formação de profissionais qualificados e a criação de políticas que incentivem a pesquisa e o desenvolvimento no setor.