De acordo com uma publicação do WCCFTech da última quinta-feira (05), apesar das sanções impostas pelos EUA e do bloqueio às GPUs da NVIDIA, as grandes empresas de tecnologia chinesas continuam relutantes em adotar os chips de inteligência artificial da Huawei, mesmo com o país buscando reduzir sua dependência de tecnologias ocidentais.
O chip Ascend 910C, da Huawei, foi anunciado como uma alternativa direta às soluções da verdinha, prometendo desempenho comparável ao H100 e foco na soberania tecnológica da China. No entanto, a adesão entre as chamadas big techs chinesas, como ByteDance, Alibaba e Tencent, ainda não aconteceu em larga escala.
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O motivo por trás da resistência

Parte da resistência tem raízes profundas: as companhias já investiram pesadamente na infraestrutura da NVIDIA, principalmente no ecossistema CUDA, um conjunto de ferramentas que se tornou padrão de mercado para desenvolvimento em IA.
Migrar para o CANN, o ambiente da Huawei, significaria reescrever sistemas inteiros e correr riscos operacionais, sem uma contrapartida clara em performance ou confiabilidade.
Além disso, o 910C enfrenta obstáculos técnicos sérios. Há relatos consistentes de superaquecimento e limitações quando comparado aos chips de ponta da concorrência, especialmente em formatos de cálculo otimizados como o FP8, que a Huawei só consegue emular de forma limitada. As falhas técnicas alimentam o ceticismo sobre o potencial do chip em ambientes empresariais de alta exigência.
Outro fator delicado é político. As maiores empresas de tecnologia da China têm presença global e estão sujeitas a regulações complexas. A orientação do Departamento de Comércio dos EUA, que ameaça penalizar qualquer empresa que use chips da Huawei sem autorização prévia, tornou o produto um risco jurídico considerável, especialmente para companhias com atuação no exterior.
Huawei como concorrente, e não parceira
Internamente, há ainda o problema de competição. Muitas dessas empresas enxergam a Huawei não apenas como fornecedora, mas como rival direta em várias frentes, o que agrava a relutância em adotar sua tecnologia.
Enquanto isso, a NVIDIA segue firme, mesmo com as restrições comerciais em vigor. Estimativas apontam que ela pode gerar até US$400 bilhões (R$2.2 bilhões) por ano só com infraestrutura de IA, graças a uma fila de projetos globais que dispensam a China como principal mercado.
Para a Huawei, o caminho até a aceitação em massa dentro da própria China continua incerto. Sem a adesão das gigantes tecnológicas do país, a aposta em independência de silício segue mais como promessa do que como realidade.