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A farsa da IA: entenda como a Builder.ai deu um golpe na Microsoft e no mundo

Startup prometia automação revolucionária, mas escondia exército de programadores humanos

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Conforme publicado pela Bloomberg nesta quarta-feira (04), a Builder.ai, startup britânica de tecnologia que foi considerada uma das promessas mais brilhantes no setor de inteligência artificial, atraindo investimentos de gigantes como Microsoft, SoftBank e Qatar Investment Authority, entrou, em maio de 2025, com pedido de falência após revelações chocantes sobre práticas enganosas que sustentavam sua operação.

A farsa da automação

Builder.ai
Imagem: Reprodução/Builder.ai

Se apresentando como uma plataforma “no-code” movida por IA, a Builder.ai prometia simplificar o desenvolvimento de aplicativos por meio de uma assistente virtual, chamada Natasha.

Porém, investigações revelaram que, por trás da fachada tecnológica, cerca de 700 engenheiros na Índia realizavam manualmente o trabalho que supostamente seria automatizado. O sistema de IA era, na verdade, uma interface elegante que mascarava processos tradicionais de outsourcing, sem a presença de inteligência artificial genuína.

Esquema financeiro fraudulento

Além da falsa automação, a Builder.ai esteve envolvida em um esquema de “round-tripping” com a empresa indiana VerSe Innovation, controladora do Dailyhunt.

Entre 2021 e 2024, as duas corporações trocaram faturas de valores semelhantes sem a prestação real de serviços, inflando artificialmente suas receitas em até 300%. Com esse artifício, as organizações enganaram investidores, o que permitiu à Builder.ai captar mais de US$500 milhões, cerca de R$2.8 bilhões na cotação atual, em investimentos.

Consequências e investigações

A descoberta das práticas fraudulentas levou a uma revisão drástica das receitas da empresa, com os números de 2024 sendo reduzidos de US$220 milhões (R$1.2 bilhões) para US$55 milhões (R$310 milhões). Credores, ao perceberem a discrepância, congelaram US$37 milhões em ativos da Builder.ai, precipitando o pedido de falência.

É importante destacar que o fundador, Sachin Dev Duggal, renunciou ao cargo de CEO, mas permanece no conselho de administração. No mais, investigações estão em andamento para apurar possíveis crimes financeiros e lavagem de dinheiro.

Lições para o setor de tecnologia

Por fim, o colapso da Builder.ai serve como um alerta sobre os perigos do hype em torno da inteligência artificial e a importância da transparência nas operações empresariais. A confiança cega em promessas tecnológicas sem a devida verificação pode levar a consequências desastrosas, tanto para investidores quanto para o mercado como um todo.

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